António Costa Pinheiro morreu com 82 anos (1932-2015), na
sexta-feira, em Munique, vítima de complicações de saúde provocadas por uma
pneumonia. A notícia foi confirmada ao PÚBLICO por Bernardo Pinto de Almeida,
um estudioso da obra do artista e do pintor.
Homem tímido, pouco afeito aos holofotes da consagração,
desenvolveu parte relevante do seu percurso na Alemanha, onde granjeou um
importante reconhecimento de artistas e galeristas, e foi, na opinião do
historiador e crítico de arte, um pioneiro discreto de várias tendências da
arte contemporânea.
Com outros artistas, nacionais e estrangeiros, co-fundou
naquele país o grupo KWY, assinalando um primeiro momento da
internacionalização da arte portuguesa. Depois de uma passagem atribulada por
Lisboa (é preso pela PIDE em Caxias), instalou-se em 1963 na cidade de Munique,
iniciando um carreira dividida entre Alemanha e Portugal.
A sua proximidade com o meio artístico europeu e acima de
tudo a singularidade da pintura valeram-lhe os elogios de críticos portugueses
e alemães e o reconhecimento de Harold Szeeman e Joseph Beuys. Mas nos anos 70,
afastar-se-ia da pintura, desenvolvendo práticas mais conceptuais. A relação
com a cultura portuguesa, que nunca desaparecera, viria a manifestar-se, com
outro simbolismo, na série dedicada a Fernando Pessoa, iniciada em 1976, onde
revisita os heterónimos do poeta e escritor. Será um dos trabalhos mais
conhecidos e discutidos de Costa Pinheiro, mas o artista viria a escolher
outros caminhos, dedicando-se ao projecto arquitectónico e de arte pública
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